março 07, 2007

Amor Amigo


Nossos amigos são nossos tesouros. Constituí-los e preservá-los é uma arte. Saber fazer e manter amigos é uma capacidade importante do ponto de vista do crescimento espiritual. Manter os amigos constituídos desde a infância revela alto grau de inteligência emocional e capacidade de amar por tempo indeterminado. São aqueles, os amigos que nos acompanham durante muito tempo, os que nos ensinam o verdadeiro amor. O amor amigo é aquele que se coloca ao lado e em companhia do outro, sem lhe tolher a liberdade. O amor livre é aquele que liberta para a vida plena e feliz.
O amor amigo nunca precisa ter que perdoar. Quem ama não se magoa, não fica com raiva de quem o agrediu, por não se sentir ofendido. Muitas vezes o amor entre duas pessoas se transforma em amizade provocando, não raro, a separação. O que houve? Não seria este o objetivo da união? Muitas vezes, o melhor caminho é o da motivação consciente, que adiciona novos elementos à relação, para a felicidade do casal.
O amor amigo não anula o outro, pois se preocupa com o crescimento e fortalecimento da personalidade do parceiro. Muitos casais perdem o interesse pela relação em função da competição que se instala entre os parceiros, pela ausência de solidariedade O amor amigo é fraterno, divide os problemas, mesmo os que não são comuns ao casal, é companheiro e auxilia o outro na solução dos conflitos íntimos como se fossem os seus.
O amor amigo eleva o espírito, não necessitando, muitas vezes, da união carnal para ocorrer o verdadeiro encontro entre os pares. Quando o amor maternal deixa de ser o amor de amigo, preferindo permanecer no controle e dominação da prole, provoca o afastamento do ente querido pela necessidade que este tem de libertar-se do jugo superprotetor.
O amor exige cumplicidade na medida em que esta promove a interação entre o casal, cuja exclusividade e privacidade são garantidas. É nessa cumplicidade equilibrada que se mantém a amizade do casal. É certo que não se consegue ter por um inimigo o mesmo tipo de amor que se tem por um amigo, mas se pode desejar àquele o mesmo que se quer para este. O inimigo representa sempre uma oportunidade de aprender algo mais sobre nós mesmos. O ódio, muitas vezes, nos vincula no tempo e no espaço, às pessoas com as quais nada teríamos a aprender, mas que, certamente, nos ensinarão coercivamente, algo sobre nós. Se você quer ser feliz, ame antes de ser amado. O que queremos para o outro é o que recebemos da Vida. O pensamento daquele que nos ama, é que nos auxilia e nos ajuda em circunstâncias que não imaginamos possam acontecer.
O verdadeiro amigo transforma o outro pelo exemplo de sua própria transformação e pelo amor que faz brotar de sua alma. O amor amigo não exige retorno do outro. Dedica-se por livre iniciativa e opção de servir. Quem ama jamais deixará de fazê-lo. O amor perdoa sempre por não se sentir ferido. Não erotize o amor de um amigo. A distância entre o afeto e a sensualidade nem sempre é percebida pelo outro. Observe se não se trata apenas de uma carência sua que poderá lhe custar a amizade.
Aja com ética para com as pessoas, principalmente os amigos, pois certamente eles têm você em alta conta. Sua ética é garantia para a compreensão do amor que nutre por eles. Muitas separações acabam em disputa por heranças e patrimônios do casal, gerando inimizades e desequilíbrios de parte a parte. Quando isso ocorre é importante que se pense na supremacia atribuída ao dinheiro em lugar do amor. Os bens passam, só o amor fica. A disputa por bens, quando não estabelecida em bases equilibradas, gera necessidades de retorno a uma nova experiência em conjunto para o aprendizado da renúncia e para devolução do que não se merece. Não deixe que sua relação com alguém termine na inimizade. Quando assim ocorre, geralmente surge uma sensação de insucesso e insegurança quanto a uma possível relação futura.
Jesus, o Amigo Divino, nos ensinou a trabalhar com os amigos pelo Bem Maior. Mesmo traído por Judas, chamou-o de amigo.
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Do livro: AMOR SEMPRE - Novaes, Adenáuer Marcos Ferraz de

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