outubro 01, 2008

Ame como se o outro fosse você


© Letícia Thompson


Se o amor fosse bastante em cada coração, todos os males do mundo acabariam. Cada um olharia o outro como se estivesse se olhando no espelho e teria tanta compreensão e compaixão como se estivesse agindo por si mesmo.As asperezas da vida tornam as pessoas duras, amargas. E o pior é que nem sempre elas querem se livrar dessa carga que as tornam com o andar pesado e a visão do futuro vaga e obscura. Há pessoas que temos dificuldade em amar. Difícil admitir, pois fomos feitos e criados para amar o próximo sem querer saber o que se esconde por detrás de seu passado e o que vai na sua alma.Cada um tem sua história, seus espinhos e sua cruz. Cada um também tem sua beleza, talvez apagada por acontecimentos, envelhecida por esperas que nunca tiveram fim e amargas pelo fel que a vida derrama vez ou outra. Os altos e baixos da vida existem para todo mundo. Mas é quase sempre, para um e para outro, os baixos que marcam mais, os que definem a trajetória, marcam a vida inteira. E quando olhamos para uma pessoa assim cheia de cicatrizes, como rosas secas e sem perfume, a rejeitamos porque não queremos ficar iguais a ela. Portanto... uma auto-análise poderia revelar o quanto de maneira surpreendente nos tornamos iguais às pessoas que rejeitamos exatamente por recolhermos no nosso coração os mesmos sentimentos de amargura, desafeto, rejeição.Ame cada pessoa como se para você ela estivesse acabando de nascer e seu coração não estivesse cheio de pré-julgamentos. Ame como se passassem uma borracha sobre seus erros e conseguissem ver através de olhos de amor, apenas o bonito que há dentro de você. Ame como quem ama aquela flor que atravessou sol e chuva e sobreviveu, apesar de tudo.Ame como você gostaria de ser amado.Ame como ama Deus.(Letícia Thompson - respeite a autoria e o texto)


Imagem: Google

agosto 04, 2008

A neurociência do amor

Análise do cérebro de apaixonados explica por que perdemos a razão quando amamos

Quem já se apaixonou, bem sabe: o mundo não interessa mais nada, as coisas em volta não têm importância, os outros são insossos, tudo gira em torno da pessoa amada. É quase uma mania, um vício, uma obsessão. O alvo de nosso amor chega quase à perfeição – o resto fica cinza e indistinto. “O amor tem razões que até a razão desconhece”, disse o filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662), numa expressão que se tornou lugar-comum, de tão repetida.

Cena do filme O amor nos tempos do cólera, do norte-americano Mike Newell, adaptação do romance homônimo do escritor colombiano Gabriel García Márquez.

A paixão é uma emoção complexa dos seres humanos que tem instigado a curiosidade e a manifestação dos filósofos e escritores desde sempre. Ela pode incluir outros sentimentos, como a ansiedade ou o desejo erótico, embora estes possam existir sem amor. E geralmente exclui ou minimiza outras emoções, como o medo e a raiva, e obscurece muitos aspectos da atividade cognitiva racional. Os apaixonados ficam quase inteiramente dedicados a esse sentimento.

Quem assistiu ao filme ou leu O amor nos tempos do cólera, de Gabriel García Márquez, pôde avaliar um magnífico exemplo do grau de obsessão que pode assumir um sentimento de amor. Florentino Ariza se apaixona por Fermina Daza na juventude, mas a vida corre em outras direções e eles se separam. Seu amor, entretanto, persiste até a velhice, quando se reencontram. Uma obsessão de 50 anos...

O que poderiam dizer os neurocientistas desse tão forte sentimento humano? De que modo poderiam estudá-lo?

O mapa cerebral do amor apaixonado
As técnicas de neuroimagem funcional permitiram mapear as regiões cerebrais ativadas e desativadas durante a paixão, e até compará-las com outros tipos de amor, como o amor materno. Ambos podem ser revelados em alguém pela simples exposição de uma fotografia da pessoa amada ou do filho querido: o coração bate mais rápido, um sorriso se abre no rosto e... as áreas cerebrais envolvidas nesse reconhecimento visual passam a apresentar maior irrigação sangüínea, metabolismo mais intenso e maior atividade dos neurônios. Foi esse tipo de experimento que realizou o eminente neurocientista Semir Zeki, do University College London, e seu colaborador Andreas Bartels.

A imagem mostra um plano do cérebro de um dos voluntários estudados pelos pesquisadores de Londres, indicando em vermelho as áreas associadas à paixão e, em amarelo, aquelas ligadas ao amor materno. Reproduzido de Zeki (2007).

Os experimentos mostraram as áreas cerebrais ativadas exclusivamente pela visão de fotos da pessoa amada, outras por imagens de um filho, e aquelas ativadas em ambas as condições. As áreas da paixão são as mesmas que contêm grandes quantidades do neurotransmissor dopamina e dos hormônios ocitocina e vasopressina, bem como das proteínas que os reconhecem.

Faz sentido: a dopamina é liberada nessas regiões cerebrais em situações de grande prazer, e os hormônios são secretados fortemente durante o orgasmo. A semelhança parcial entre as duas formas de amor também faz sentido. Ambas têm em comum uma vantagem biológica e evolutiva essencial: favorecem a sobrevivência da espécie, pelo acasalamento e pelo cuidado com a cria. A natureza desenvolveu engenhosas estratégias de aproximação entre machos e fêmeas, e de manutenção de um forte vínculo entre eles, assim como deles com os filhos.

A loucura do amor
O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) disse uma vez, com muita propriedade: “Há uma certa loucura no amor, mas também uma certa razão na loucura”. O trabalho de Zeki de certa forma materializa essa forma literária com que Nietzsche descreveu a cegueira do amor.

As imagens do cérebro dos voluntários da pesquisa mostraram não apenas a ativação de certas áreas cerebrais, mas também a desativação de outras. E essas outras se localizam exatamente no lobo frontal do cérebro, bem conhecido pelo seu envolvimento com o raciocínio lógico e matemático, e com os comportamentos executivos – muito do que chamamos “razão”. A loucura do amor provém do obscurecimento da razão.

Novamente, os evolucionistas encontram aí um novo exemplo de adaptação biológica: um mecanismo de aproximar casais reprodutores e fortalecer seu vínculo recíproco. Sabemos por experiência própria que tudo é possível em se tratando de paixão. “O amor é cego”, diz um outro lugar-comum. O obscurecimento da razão teria a vantagem biológica de aproximar os casais mais improváveis. Se estou apaixonado, não há quem me convença de que ela não é a mais bela das mulheres...

SUGESTÕES PARA LEITURA
S. Zeki (2007) Neurobiology of love. FEBS Letters, vol. 581: pp. 2575-2579.
A. Bartels e S. Zeki (2004) The neural correlates of maternal and romantic love. NeuroImage, vol. 21: pp. 1155-1166.
A. Bartels e S. Zeki (2000) The neural basis of romantic love. NeuroReport, vol. 11: pp. 3829-3824.

Roberto Lent
Professor de Neurociência
Instituto de Ciências Biomédicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
25/01/2008

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fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/110156


julho 20, 2008

Reflexões

Ultimamente tenho pensado muito nos inimigos que conquistamos pelo caminho...

Mas, não!... Não pensem que estou me referindo aos inimigos que fizemos ao longo da vida por não saber agir para com eles como nos foi ensinado: "Faze ao outro apenas o que gostaria que a ti fosse feito", ou: "Ama a teu próximo como a ti mesmo"...

Para com estes, certamente, o tempo nos dará a oportunidade de consertar os estragos feitos pela nossa invigilância e, caso sejam eles bem melhores do quenós, talvez já nos tenham perdoado... Se não, também estão a espera do tempo em que o perdão os libertará de nós.

Mas ando preocupada com os inimigos que não estão declarados, que não estão catalogados na nossa lista encabeçada pelo título "A Reparar".

Estou preocupada com aqueles que se escondem nas dobras e nos labirintos da nossa consciência e que nem sempre deixamos que se mostrem para que os combatamos, frente a frente, cara a cara.

Muitas vezes, pasmem! Nós até os transformamos em nossos heróis!
É verdade!!!!

Quantas vezes pegamos um deles e vestimos sua máscara e nos lançamos, qual Cavaleiros da Triste Figura, qual Dom Quixotes, a combater os moinhos de vento da nossa imaginação, em busca de uma justiça nem sempre justa, em busca de uma justiça que corrobore um pensamento que permitimos ser aprisionado na cela do nosso orgulho...

Nestes eventos, não estamos em busca daquela justiça que ama a VERDADE, aquela justiça que não se corrompe porque honra a sia mesma.

E isso deve nos preocupar porque as ações deste Quixote, no qual algumas vezes nos transformamos, fere o coração de inocentes, mas faz muito pior. - Avilta-nos como espíritos que somos, tirando-nos o respeito daqueles que nos observam e que conseguem enxergar nossas atitudes "quixotescas".

Talvez que dentre estes inimigos internos, um dos piores que podemos conquistar para nós mesmos seja aquele que nasce quando suspeitamos, julgamos e condenamos, apenas baseados na hipótese ou na "intuição", hipótese ou "intuição" alicerçadas na prevenção, na animosidade ou na antipatia.

Que pior inimigo podemos conquistar do que um ato de injustiça por nós
praticado?

Aquele que é alvo dessa injustiça, sempre baseada em suposições e não em fatos, pois se houvessem fatos não haveria injustiça, poderá até nos perdoar, mas muita água correrá pelo rio da existência espiritual até que possa ele nos ver e, novamente, confiar em nós, como amigos.

Quando a desconfiança nos visitar e não trouxer com ela as provas irrefitáveis do erro de alguém, que tenhamos a sabedoria de calar ate que estas provas venham ter a nós ou de silenciar para sempre, quando essas necessárias comprovações surgirem.

Se a Lei humana reza: "Quando em dúvida, pró réu", como nos posicionaremos ante a Lei Divina ao condenar sem provas, estando, portanto, "em dúvida"?

Reflitamos sobre isso para não alimentarmos em nós esse duro e triste inimigo de nossa consciência, de nossa evolução, de nossa felicidade:

A Injustiça
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Esse belíssimo, profundo e importante texto é da minha amiga Leila que me permitiu postar aqui.

julho 11, 2008

Amor é vida


A vida é sempre bela
para quem se apresenta sorrindo.

Há tantos desertos no mundo,
cheios de areia e vazios de vida.
No deserto de areia e de pedras
o viajante é atraído pela esperança de um oásis
onde poderá encontrar água,
árvores com frutos e sombra.

Na vida há muitos corações desertos e almas estéreis,
vazios de amor e sem alegria.

O oásis dá vida e esperança a um deserto de pedras
e de areia.
A alegria dá vida e esperança a um coração abandonado.

Seu sorriso de alegria será sempre um oásis
que conforta e reanima aqueles
que vivem abandonados no mundo,
caminhando sozinhos pelo deserto da vida sem amor.

Num mundo de ódio, de dor e de tristeza,
você está convidado a sorrir com amor e com alegria.

Observe como as plantas estremecem,
vibram e se agitam ao menor sopro da brisa.

Um sorriso de bondade é um sopro suave
da brisa do amor que faz estremecer os corações
e vibrar as cordas mais íntimas da alma.

Nas dunas do deserto, os grãozinhos de areia
desconhecem o repouso;
impelidos pela força do vento,
eles se movem, se ajuntam
e se espalham.

Mas se cair a chuva,
a areia umedece, paralisando a vida
e o movimento dos grãozinhos úmidos.

E quando o sol reaparece com o calor de seus raios,
a areia torna-se novamente seca
e os grãozinhos fininhos voltam a caminhar.

É a vida do homem.
Se o amor desaparece, a alegria pára,
enfraquece e a vida perece.
Mas se o sol do amor torna a brilhar,
a alegria se reanima e torna a viver.

O que você espera para começar a iluminar
a vida com o sol de sua alegria?

Aprenda a sorrir alegremente
e a luz de seu sorriso há de alcançar
e iluminar os tristes, os abandonados,
os que choram desesperados
ou que se debatem desorientados.

Siga pelo caminho da vida
semeando flores de alegria.

Plantamos flores no jardim,
colocamos flores na janela da casa,
com flores enfeitamos as casas,
as igrejas e os salões de festas.
Uma casa cheia de flores
é um lar cheio de vida.

Assim como as flores dão vida e beleza a uma casa,
o sorriso dá encanto e beleza a uma vida.
Por isto é que se diz:
"Manter um sorriso nos lábios
é pôr flores na janela da casa."

(Frei Anselmo Fracasso)

julho 10, 2008

O Amor


A exteriorização do psiquismo divino pode ser considerada como o Amor que tudo cria e vitaliza.

Por essa razão, o Apóstolo João afirmava que Deus é amor.

No universo, ele se expressa como a força da atração e reação gravitacional, manifestando-se em diferentes leis que sustentam o equilíbrio das Galáxias.

No reino mineral, ele é a energia que aglutina as moléculas e as mantém unidas, Aparentemente insensíveis, nas quais dormem os elementos vitais, que desabrocharão na sucessão dos milênios.

No reino vegetal, encontra-se como a sensibilidade embrionária, que desperta, a pouco e pouco, adquirindo os pródomos das porvindouras sensações.

No reino animal, converte-se na percepção e conquista do instinto que preserva a vida, estabelecendo os primeiros vínculos sociais, gregários, em grupos, em sociedades da mesma espécie, antecipando os passos do porvir.

No reino hominal, é o sentimento que se expande, manifestando- se em forma de proteção no clã: maternal, paternal, fraternal, nacional, para generalizar- se na comunidade, em ensaios eloqüentes para o universal...

Sem o amor, a vida não existiria, e, mesmo que a Lei da Criação estabelecesse os fenômenos vitais, faltaria o élan de sustentação das formas e dos seres existenciais.

Quando o amor vige, tudo respira paz, e a alma dos homens e das coisas adquire beleza, crescendo para a plenitude.

Na montanha, o canto das bem-aventuranças, proferido por Jesus, é o mais belo poema que a Humanidade jamais escutou, em forma de exaltação da verdade, da justiça, dos valores morais, das virtudes. No Calvário, porém, cuja trajetória tem início na entrada triunfal em Jerusalém, o Mestre viveu-o intensamente, por conhecer a imaturidade psicológica e evolutiva daqueles que O aplaudiam, a princípio, para depois O levarem à Crucificação.

O amor impregnou-Lhe a vida em todos os momentos do mistério, tornando-O, então, o símbolo mais perfeito de que se tem notícia, a respeito desse hálito da Vida, que é o Amor.

Nas estradas da Úmbria, em renúncia comovedora, Francisco de Assis desfraldou a bandeira do amor e penetrou-se desse sentimento, de tal modo que se casou com a senhora pobreza, tomando, como seus irmãos, os animais, as águas, o Sol, a Lua, a natureza, que decantou em hinos de incomparável beleza. Na solidão da Porciúncula, onde morreu, foi o amor que irradiou que o tornou mais sublime símile do Amigo Divino, a Quem imitava.

Nos dolorosos testemunhos das enfermidades, Teresa de Ávila encontrou no amor do Mestre, o seu divino noivo, a força, a coragem e a esperança para ser fiel ao mandato de abnegação, tornando-se sábia e exemplo da plena comunhão com o pensamento do seu Amado.

Pasteur, por amor à Humanidade, entregou-se aos exaustivos labores de pesquisa, e libertou os seres de males e misérias que os dizimavam.

Marie Curie, vitimada pelo câncer contraído nas experiências radioativas, prosseguiu, abnegada, e abriu à Física Nuclear horizontes dantes jamais sonhados, por amor à Ciência.

Miguel Ângelo interpretou em cores as visões transcendentes, com sacrifícios e sob incompreensões terríveis, por amor à arte.

Dante, por amor a Beatriz, compôs a imortal Divina Comédia, colocando em cantos de incomum beleza as visões psíquicas de que era objeto, para engrandecimento dos homens.

O amor está presente em tudo - sem sua vigência se volveria ao caos da origem, que o Amor organizou e deu direcionamento.

Somente quando se ama é que se alcança o fanal da existência.

Quando o ser humano permitir que o amor o ilumine e o mantenha, alcançará o patamar da angelitude e avançará com segurança no rumo do Divino Amor.

Assim sendo, o amor é a expansão do Divino Psiquismo, e sem ele nada existe.

[Joanna de Ângelis]
[Divaldo Franco]
[Sob A Proteção de Deus]
[Editora LEAL]

junho 14, 2008

AMOR, ALIMENTO DAS ALMAS


"Terminada a oração, chamou-nos à mesa a dona da casa, servindo caldo reconfortante e frutas perfumadas, que mais pareciam concentrados de fluidos deliciosos. Eminentemente surpreendido, ouvi a senhora Lauraobservar com graça:- Afinal, nossas refeições aqui são muito mais agradáveis que na Terra. Há residências, em "Nosso Lar", que as dispensam quase por completo; mas, nas zonas do Ministério do Auxílio, não podemos prescindir dos concentrados fluídicos, tendo em vista os serviços pesados que as circunstâncias impõem. Despendemos grande quantidade de energias. É necessário renovar provisões de força.- Isso, porém - ponderou uma das jovens -, não quer dizer que somente nós, os funcionários do Auxílio e da Regeneração, vivamos a depender de alimentos. Todos os Ministérios, inclusive o da União Divina, não os dispensam, diferindo apenas a feição substancial. Na Comunicação e no Esclarecimento há enorme dispêndio de frutos. Na Elevação o consumo de sucos e concentrados não é reduzido, e, na União Divina, os fenômenos de alimentação atingem o inimaginável.Meu olhar indagador ia de Lísias para a Senhora Laura, ansioso de explicações imediatas. Sorriam todos da minha natural perplexidade, mas a mãe de Lísias veio ao encontro dos meus desejos, explicando:- Nosso irmão talvez ainda ignore que o maior sustentáculo das criaturas é justamente o amor. De quando em quando, recebemos em "Nosso Lar" grandes comissões de instrutores, que ministramensinamentos relativos à nutrição espiritual. Todo sistema de alimentação, nas variadas esferas da vida, tem no amor a base profunda. O alimento físico, mesmo aqui, propriamente considerado, é simples problema dematerialidade transitória, como no caso dos veículos terrestres, necessitados de colaboração da graxa e do óleo. A alma, em si, apenas se nutre de amor. Quanto mais nos elevarmos no plano evolutivo da Criação, mais extensamente conheceremos essa verdade. Não lhe parece que o amor divino seja o cibo do Universo? Tais elucidações confortavam-me sobremaneira. Percebendo-me a satisfação íntima, Lísias interveio, acentuando:- Tudo se equilibra no amor infinito de Deus, e, quanto mais evolvido o ser criado, mais sutil o processo de alimentação. O verme, no subsolo do planeta, nutre-se essencialmente de terra. O grande animal colhe na planta os elementos de manutenção, a exemplo da criança sugando o seio materno. O homem colhe o fruto do vegetal, transforma-o segundo a exigência do paladar que lhe é próprio, e serve-se dele à mesa do lar. Nós outros, criaturas desencarnadas, necessitamos de substâncias suculentas, tendentes à condição fluídica, e o processo será cada vez mais delicado, à medida que se intensifique a ascensão individual.- Não esqueçamos, todavia, a questão dos veículos - acrescentou a senhora Laura -, porque, no fundo, o verme, o animal, o homem e nós, dependemos absolutamente do amor. Todos nos movemos nele e sem ele não teríamos existência.- É extraordinário! - aduzi, comovido.- Não se lembra do ensino evangélico do "amai-vos uns aos outros"? -prosseguiu a mãe de Lísias atenciosa - Jesus não preceituou esses princípios objetivando tão-somente os casos de caridade, nos quais todos aprenderemos, mais dia menos dia, que a prática do bem constitui simplesdever. Aconselhava-nos, igualmente, a nos alimentarmos uns aos outros, no campo da fraternidade e da simpatia. O homem encarnado saberá, mais tarde, que a conversação amiga, o gesto afetuoso, a bondade recíproca, a confiança mútua, a luz da compreensão, o interesse fraternal - patrimônios que se derivam naturalmente do amor profundo - constituem sólidos alimentos para a vida em si. Reencarnados na Terra, experimentamos grandes limitações; voltando para cá, entretanto, reconhecemos que toda a estabilidade da alegria é problema de alimentação puramente espiritual. Formam-se lares, vilas, cidades e nações em obediência a imperativos tais. Recordei instintivamente as teorias do sexo, largamente divulgadas no mundo; mas, adivinhando-me talvez os pensamentos, a senhora Laura sentenciou:- E ninguém diga que o fenômeno é simplesmente sexual. O sexo é manifestação sagrada desse amor universal e divino, mas é apenas uma expressão isolada do potencial infinito. Entre os casais mais espiritualizados, o carinho e a confiança, a dedicação e o entendimento mútuos permanecem muito acima da união física, reduzida, entre eles, a realização transitória. A permuta magnética é o fator que estabelece ritmo necessário à manifestação da harmonia. Para que se alimente a ventura, basta a presença e, às vezes, apenas a compreensão.Valendo-se da pausa, Judite acrescentou:- Aprendemos em "Nosso Lar" que a vida terrestre se equilibra no amor, sem que a maior parte dos homens se aperceba. Almas gêmeas, almas irmãs, almas afins, constituem pares e grupos numerosos. Unindo-se umas às outras, amparando-se mutuamente, conseguem equilíbrio no plano de redenção. Quando, porém, faltam companheiros, a criatura menos forte costuma sucumbir em meio da jornada.- Como vê, meu amigo - objetou Lísias contente -, ainda aqui é possível relembrar o Evangelho do Cristo. "Nem só de pão vive o homem."Antes, porém, de se alinharem novas considerações, tiniu a campainha fortemente.Levantou-se o enfermeiro para atender.Dois rapazes de fino trato entraram na sala.- Aqui tem - disse Lísias, dirigindo-se a mim gentilmente - nossos irmãos Polidoro e Estácio, companheiros de serviço no Ministério do Esclarecimento.Saudações, abraços, alegria.Decorridos momentos, a senhora Laura falou sorridente:- Todos vocês trabalharam muito, hoje. Utilizaram o dia com proveito. Não estraguem o programa afetivo, por nossa causa. Não esqueçam a excursão ao Campo da Música.Notando a preocupação de Lísias, advertiu a palavra materna:- Vai, meu filho. Não faças Lascínia esperar tanto. Nosso irmão ficará em minha companhia, até que te possa acompanhai nesses entretenimentos.- Não se incomode por mim - exclamei, instintivamente.A senhora Laura, porém, esboçou amável sorriso e respondeu- Não poderei compartilhar das alegrias do Campo, ainda hoje. Temos em casa minha neta convalescente, que voltou da Terra há poucos dias.Saíram todos, em meio do júbilo geral. A dona da casa, fechando a porta, voltou-se para mim e explicou sorridente:- Vão em busca do alimento a que nos referíamos. Os laços afetivos, aqui, são mais belos e mais fortes.

O amor, meu amigo, é o pão divino das almas, o pábulo sublime dos corações."

ANDRÉ LUIZ (Nosso Lar, cap. 25, F.C.X., FEB)
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abril 10, 2008

"Fala-nos do Amor"

... E ele ergueu a fronte e olhou para a multidão, e um silêncio caiu sobre todos, e com uma vós forte disse:

"Quando o amor vos chamar, seguio-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como vento devasta o jardim.
Pois da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica. E da mesma forma que contribui para vosso crescimento, trabalha para vossa poda.
E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao Sol,
Assim também desce até vossas raízes e as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor sua nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós, para que conheçais os segredos de vossos corações e, com esse conhecimento, vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor, procurardes somente a Paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez e abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações, onde rireis, mas não todos os vossos risos, e chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.
Pois o amor basta a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga: "Deus está no meu coração", mas que diga antes: "eu estou no coração de Deus".
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor, se vos achar dignos, determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo senão de atingir a sua plenitude.
Se contudo, amardes e precisardes ter desejos, sejam estes os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para a Casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado, e nos lábios uma canção de bem-aventurança."

Gibran Khalil Gibran - do livro: O PROFETA
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Curvo minh'alma diante de poetas como Gibran....
é uma grande honra para mim ter o privilégio de ler suas poesias que falam com uma beleza tão imensa e profunda que eu poderia ficar eternamente aqui somente mergulhando em seus pensamentos!
Andy